sábado, 29 de novembro de 2008

Nemo Nox

Algumas palavras sobre o pioneiro
Comecemos esta página por um comentário sobre Nemo Nox, que foi o primeiro internauta do país a manter um weblog. Natural de Santos, ele vive nos Estados Unidos e edita ou participa da edição de vários blogs muito interessantes. Um deles é "Por um Punhado de Pixels" (http://www.nemonox.com/ppp), seu diário virtual para assuntos relacionados sobretudo ao cinema/TV, literatura e música. Segundo consta numa entrevista à ISTOÉ Gente (http://www.terra.com.br/istoegente/236/diversao_arte/internet.htm), da qual transcrevo abaixo alguns trechos, ele é também fotógrafo, diretor de comerciais e webdesigner. Em 2004, ainda de acordo com a revista, foi um dos cinco finalistas do prêmio Bloggies, na categoria melhor weblog latino-americano, com o seu "Por um Punhado de Pixels".
Diz o texto da entrevista que ele concedeu à ISTOÉ Gente:

O que fez seu blog ser selecionado?
Nemo Nox: É difícil dizer, especialmente numa categoria tão heterogênea, com weblogs em três idiomas (inglês, castelhano e português). Imagino que o comitê de seleção leve em consideração design, texto, temas abordados e freqüência de atualização, mas com 150 pessoas escolhendo os melhores weblogs dificilmente saberemos os critérios usados.
Como se sente sendo o único representante do idioma português no
prêmio?
Nemo Nox: É bacana, porque, apesar de já ter saído do Brasil há algum tempo, fiz questão de manter o weblog em português e também porque, quando falam em “latin american” aqui, o primeiro idioma que vem à mente é sempre o castelhano.
Sobre o que mais gosta de escrever?
Nemo Nox: No weblog escrevo sobre tudo, do último DVD que assisti a reclamações sobre a administração Bush. No Burburinho http://www.burburinho.com/), o webzine que mantenho desde 2001, o tema principal é cultura popular.
Foi um pioneiro dos blogs em português?
Nemo Nox: Meu primeiro weblog, Diário da Megalópole, foi criado em março de 1998. Estava de mudança para São Paulo e queria um espaço mais descompromissado para contar as minhas descobertas na cidade. A idéia de fazer isso em forma de diário me pareceu natural. Na época, não existiam ferramentas para criar weblogs automaticamente. Eu fazia tudo em HTML mesmo. Em fevereiro do mesmo ano, Viviane Menezes criou o White Noise, em inglês. Ela foi possivelmente a primeira brasileira a fazer um weblog, e eu possivelmente o primeiro a fazer um weblog em português.
* Categoria
A rigor, Nemo Nox trabalha seus weblogs em duas categorias: uma é o diário virtual (com um texto, repito, modelar) e a outra é a dos conteúdos de variedades (com ênfase em cultura popular).

* Por que ler?
Antes de mais nada, deve-se ler Nemo Nox pela qualidade do seu texto. Ele é, essencialmente, um escritor. Seu estilo reflete os valores da web moderna: é leve, fluido, direto, instigante, com uma capacidade de explicação didática admirável. Em segundo lugar, deve-se lê-lo porque ele tem um olhar sobre a cultura popular muito interessante. Cinema, TV, quadrinhos, música e literatura, entre outros assuntos, estão sempre na sua mira. Além disso, Nemo Nox tem veia jornalística: está sempre em busca de novidades. Embora ele não se sinta comprometido com a divulgação de tudo o que existe de novidade cultural no cenário norte-americano, acaba sendo um bom crítico, na medida em que comenta novas produções com uma admirável bagagem cultural. No Burburinho (http://www.burburinho.com/, seu fanzine na web, ele consegue extrapolar a cultura popular e faz, por exemplo, algumas considerações sobre a música clássica. Tudo, repita-se, com um texto elegante, simples e didático que se pode mesmo recomendar como modelo. Nemo Nox faz coisas interessantes porque é uma pessoa interessante.

* Trechos
Os posts abaixo, extraídos de "Por um Punhado de Pixels", mostram não só um adulto que consegue brincar (coisa rara, que também é exemplo, já que brincar é da essência da natureza humana sadia) e, ao mesmo tempo, ser bem humorado e sutilmente irônico, capaz de lançar sobre si mesmo um olhar humano.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008
[ 12:14 ]
Feriados são raros aqui nos EUA, feriadões
emendandos num fim-de-semana mais raros ainda. Um deles começa hoje, com o escritório fechando depois do almoço para dar início às comemorações de thanksgiving (ação de graças). Para mim, vão ser quatro dias e meio abrigado do frio dentro de casa assistindo televisão e jogando no Playstation 3.

[ 12:09 ]
Ontem completei meu tratamento dental. A boa notícia é que eu tenho seguro. A má notícia é que o custo do tratamento foi maior que o limite anual do seguro, que acabou cobrindo somente metade da conta. Sem o seguro, porém, teria sido mais barato entrar num avião, ir ao Brasil, fazer o tratamento todo lá, e voltar para cá depois de uns dia de férias.
No trecho abaixo, extraído do "Burburinho", Nemo Nox dá uma aula de como passar da cultura popular à erudita sem trocar de camisa.
O aprendiz de feiticeiro
Muita gente não sabe, mas o velho poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe tem a sua parcela de culpa no episódio em que o rato Mickey viu-se atrapalhado com uma série de vassouras voluntariosas. Na verdade, tudo começou bem antes, em pleno século II, com um diálogo escrito por um tal de Luciano. Mas foi somente muitas centenas de anos depois, em 1779, que a história do aprendiz de feiticeiro se popularizou, graças a um poema de Goethe. E mais de um século depois, o compositor francês Paul Dukas inspirou-se nela para compôr sua obra-prima, o poema sinfônico O Aprendiz de Feiticeiro. Que acabou fazendo parte da trilha sonora de Fantasia, desenho animado em longa-metragem dos estúdios Disney, onde todos nós vimos Mickey interpretando o aprendiz atrapalhado.


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